quarta-feira, 7 de abril de 2021

‘Trovador urbano’ Renato Russo faria 50 anos neste sábado (27/03/2010)

Mentor e líder daquela que talvez seja a banda de rock mais emblemática que o Brasil já originou, Renato Russo completaria 50 anos neste sábado (27).

Nascido Renato Manfredini Júnior no Rio de Janeiro e criado entre Rio, Nova York e Brasília, o bardo do rock nacional incorporou “Russo” ao próprio nome devido à sua reverência a três artistas: o iluminista suíço Jean-Jacques Rousseau, o filósofo inglês Bertrand Russel e o pintor francês Henri Rousseau. Virou Renato Russo.

Professor de inglês em cursinhos quando jovem, ele começou no mundo da música com a banda Aborto Elétrico, na qual já foram gerados muitos sucessos da Legião. O músico namorou por muitos anos o norte-americano Robert Scott Hickman, que morava em San Francisco (EUA) e ficou marcado como a grande história de amor de sua vida.

Fruto de um caso furtivo, Giuliano Manfredini, único filho de Renato Russo, tem hoje 20 anos e pode ser considerado, também, uma história de amor na vida do pai. Apesar de ter apenas seis anos quando Russo morreu, ele foi criado pela avó paterna e trabalha hoje como artista e produtor musical. Filho de peixe...

Legião musical

Ao lado dos músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, Russo liderou a Legião Urbana, um dos maiores fenômenos do rock nacional “de qualidade” e, por que não, do rock mundial: até hoje, a banda é uma das que mais vendem discos dentro do catálogo da gravadora EMI Music, em todo o mundo.

São incontáveis os sucessos marcados pela voz grave e pelas letras poéticas de Russo. Músicas como Pais e FilhosSeráQue País É Este?Eduardo e Mônica e Geração Coca-Cola tocam até hoje nas rádios, e os discos da banda continuam tendo tiragens. 

Além dos oito álbuns de estúdio e dos quatro ao vivo da Legião Urbana (fora as coletâneas), Renato Russo tem seis discos solo lançados (quatro são póstumos), sendo os dois primeiros, produzidos quando ele ainda estava vivo, os mais conhecidos: The Stonewall Celebration Concert (1994), todo com letras em inglês, e Equilíbrio Distante (1995), cantado inteiramente em italiano.

Nos palcos, Russo era polêmico: brigava com a plateia quando se sentia desrespeitado ou hostilizado, e não levava desaforos pra casa. Em um dos episódios mais marcantes das turnês da banda, em 1988, em Brasília, um tumulto deixou cerca de 500 pessoas feridas e o estádio Mané Garrincha depredado. Russo deixou o palco antes do show e foi vaiado pelo público, irritado com a desorganização, o atraso para o início do show e o frio da noite brasiliense.

Na última apresentação da banda, em Santos, em 1995, Renato Russo cantou deitado no palco por 45 minutos, após ter sido atingido por uma latinha vinda da plateia.

Ele morreu em seu apartamento, na zona sul carioca, em 11 de outubro de 1996, vítima de complicações causadas pelo vírus HIV.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

O release de 'Onde Está Você', de Dulce Rangel [nov/2020]

“Onde Está Você”, o novo livro da escritora Dulce Rangel, é fruto de uma experiência de perda. Voltado para crianças mas também para adultos, “Onde Está Você” trata de temas importantes e essencialmente humanos, como o luto e a saudade (esta palavra tão bela que é encontrada somente na língua portuguesa). Como lidar com a partida de alguém querido? Seja ele um amigo, pai, mãe, avó, irmão, filho, animal de estimação? Como encarar a solidão que vem depois que esse ser amado parte para não voltar?

Autora de obras infanto-juvenis publicadas em várias editoras, com destaque para “Um Amor de Confusão”, lançado em 1994 pela Editora Moderna e atualmente em sua terceira reimpressão, Dulce sempre tentou direcionar seus escritos no sentido de ajudar os leitores a trabalhar algo internamente, seja uma perda, um trauma ou algo que é preciso desenvolver. Em “Onde Está Você”, um livro que nasceu depois que o marido da autora se foi, após anos de luta contra uma doença grave, a ideia foi narrar este lento e trabalhoso processo de reconstrução interna pelo qual ela acabara de passar, e que acontece com tantas pessoas pelo mundo, todos os dias.

Arrependimentos ou sensações de culpa também podem surgir depois que alguém se vai. Será que fiz algo errado, ou deixei de fazer alguma coisa? “Onde Está Você” tenta elaborar emocionalmente as dores e pensamentos que se abatem sobre a criança ou adulto que lida com a ausência de alguém. Os desenhos aquarelados de Maria Diva que acompanham os textos fazem um contraponto delicado e sugestivo a cada fase desse processo, com cores que surgem aos poucos e acompanham o desenvolvimento interno de quem lê, assim como os espaços em branco e os “silêncios” nas páginas do livro. E, gradualmente, descobrimos como encontrar dentro de nós maneiras de resgatar o que de melhor aquele ou aquela que partiu nos legou. Encarando a ausência de modo lúdico e até mesmo mágico, como um jogo para o qual existe solução.

“Onde Está Você” chega ao mundo num momento muito simbólico, no qual a humanidade enfrenta uma pandemia que já tirou a vida de milhares de pessoas e tem afastado outras tantas de seus entes queridos, isolando-as em casa ou em quartos de hospital. Um ano de muito sofrimento, mas também de aprendizado para todos.

Em 2020 tivemos de nos recolher e nos afastar de pessoas queridas a fim de preservar a vida de todos, o que confere a este livro admirável contundência. Ao sentir a falta de alguém que amamos, podemos trabalhar nossos sentimentos e resgatar o que há de mais verdadeiro nos laços afetivos. Como revela sua contracapa, “Onde Está Você” guia o jovem leitor numa jornada interior pelos caminhos da saudade.

Ficha técnica:

Título: “Onde Está Você”
Autoria: Dulce Rangel de Montrigaud
Concepção: Lise Colette e Dulce Rangel de Montrigaud
Ilustrações de capa e miolo: Maria Diva Tardivo
Faixa etária: a partir de 07 anos
Páginas: 46
Formato: 20 x 20 cm
Selo: Livre Pensar Editorial
Preço sugerido: R$ 45,00

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Rodrigo Cass: 'Até o concreto' [Galpão Fortes Vilaça, ago-out/2016]

A Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Até o concreto, a segunda exposição de Rodrigo Cass a ocupar o espaço expositivo do Galpão Fortes Vilaça. O artista paulistano apresenta um novo conjunto de trabalhos compreendendo vídeos, esculturas e uma série de pinturas sobre linho, nas quais o uso da tinta é substituído pelo da terra e do concreto, branco e cinza.

O “concreto” – seja como conceito derivado do Neoconcretismo, seja como o material em si – é uma característica comum a todo este recente conjunto de trabalhos. Pelas paredes do Galpão o artista especializa, em Minimal surfaces, um grupo luminoso de 16 peças onde a base em linho colorido sofre interferências de terra e concreto, cuja materialidade busca aproximar o espectador da obra. Essas telas monocromáticas, dispostas como uma escala cores, trazem "molduras" pintadas por Rodrigo e ativadas pelas construções/destruições em concreto, que as invadem ou censuram, como em O branco da geometria, o maior trabalho desta série.

Esse movimento do desenho com concreto sobre os linhos é reflexo da ação de abstrahere, ou síntese, renúncia. Aplica-se aqui o conceito central dessa mostra, inspirado na definição latina do verbo abstrair, isto é, escolher, isolar ou separar uma parte de um todo. Para Rodrigo, abstrahere está em todas as ações da vida. Tudo é escolha ou renúncia, e as experiências são sempre incompletas mediante as inumeráveis possibilidades de decisão e liberdade que a ação contém. Em seus trabalhos cada parte remete a um todo, e tudo guarda a potência para o infinito que gera a transformação.

No vídeo que batiza a individual, Até o concreto, planos de cor que compõem molduras sutis ou margens de elementos – e aqui, mais uma vez, nos deparamos com essas molduras tênues e quebradas, inspiradas nos ícones bizantinos tão importantes para Rodrigo – são rompidos e devorados pela mão insistente do artista. Diferente do gesto do pintor, que deposita cor sobre os planos, neste vídeo ele retira a cor dos elementos até a sua mínima presença, fundindo-a com a cor do concreto – os trabalhos são projetados sobres bases de concreto.

Ativando objetos, no trabalho em vídeo O Social, garrafas de diversos conteúdos, de bebidas a produtos de limpeza, são posicionadas e retiradas do mesmo local no instante exato de um segundo. O curto tempo de reposicionar a mão e os objetos “abstratiza” as marcas de seus rótulos, transformando as ações independentes em um corpo inteiro e enganando o olhar de quem assiste. Em outro vídeo, Manual, o artista exerce e executa a transformação física de dois blocos de tijolo, friccionando-os uns contra os outros até os limites destes materiais, presenças do mundo e da arquitetura. E devolve aos objetos, assim, seu aspecto original: a aparência de terra.

Até o Concreto traz, ainda, três esculturas feitas em concreto. Em Torso, o cinto do artista foi preenchido com concreto e fundido a uma base do mesmo material, demarcando o espaço e a altura de sua cintura e, dessa maneira, fazendo uma analogia aos torsos que todo escultor clássico realizava. Já em America Preterita, um livro com gravuras de índios americanos atravessa e fica encrustado em um grande quadrado de concreto. Assim como nas gravuras que podem ser apreendidas das páginas abertas do livro, onde vê-se um ritual antropofágico indígena, o livro está sendo "devorado" e engolido pelo concreto, que, para Rodrigo, representa a história da cidade, a arquitetura, a pedra e seu próprio fóssil. Em Ascese, o par de sapatos do artista afunda em um outro volume de concreto, na tentativa e busca de escalá-lo e atingir o seu topo.

Em vídeos, pinturas e esculturas, o trabalho de Rodrigo Cass explora questões referentes a temas como contenção e ruptura, e costumeiramente faz referências à filosofia, à religião (o artista foi religioso Carmelita por nove anos), à história e à arte brasileira. Seus vídeos revelam um interesse por elementos da performance, em cenários econômicos onde a cor geralmente aparece como elemento construtor. Muitas vezes, estes trabalhos são projetados de forma a criar uma relação de continuidade ou de estranheza com a arquitetura. “O vídeo para mim é como uma escultura. Tudo é escultura”, costuma afirmar o artista.

Rodrigo Cass nasceu em São Paulo em 1983. Em 2010 foi selecionado para o programa Bolsa Pampulha e participou do Arte Pará no Museu Histórico do Estado do Pará. Participou do PIESP 2011-2012, Programa Independente da Escola São Paulo. Sua primeira exposição individual no Galpão Fortes Vilaça chamava-se Material Manifesto (2014).

Já participou das exposições coletivas Imagine Brazil, Foundation for Contemporary Art, Montreal, Canadá (2015); Espaço Liberto, MdM Gallery, Paris (2015); 5#5, Meyer Riegger, Karlsruhe, Alemanha (2015); 10ª Bienal do Mercosul, Mensagens de Uma Nova América, Porto Alegre, Brasil (2015); Here, There, QM Gallery ALRIWAQ, Doha, Qatar (2014); Imagine Brazil, Musée d’Art Contemporain de Lyon, França (2014) e Astrup Fearnley Museet, Oslo, Noruega (2013);  Sight and Sounds: Global Film and Video, The Jewish Museum NYC, Nova York, EUA (2013); Planos de Expansão, Galeria Fortes Vilaça, São Paulo (2013); Programa Independente da Escola São Paulo, Instituto Cervantes, São Paulo (2012); Bolsa Pampulha 2010/2011, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2011); Paradas em Movimento: Wonderland - Ações e Paradoxos, Centro Cultural São Paulo, São Paulo (2010); Video Zone 4, Panorama do Vídeo Latino-Americano, Centro de Arte Contemporânea de Tel Aviv, Israel (2008); Medellín Artes Digitales, Medellín, Colômbia (2008); e In Vitro, Centro Cultural São Paulo, São Paulo (2006).

quarta-feira, 21 de março de 2018

Filmes livres para os nossos sentidos [Guia da Semana, 2007]

Assisti a dois filmes do diretor argelino Tony Gatlif. O primeiro deles foi Exílios (2004), numa daquelas situações quando vemos um filme "quase sem querer" e, dia de sorte, saímos do cinema assim, impressionados e satisfeitos. Foi só então que descobri quem era Romain Duris, o ator francês que interpreta Zano [e que pode ser visto, entre outros filmes, em À Francesa (2003), Albergue Espanhol (2002), Bonecas Russas (2005) e no belo De tanto bater meu coração parou, também de 2005]. Foi assistindo a Exílios, também, que descobri o diretor, roteirista, compositor e músico... Tony Gatlif.

Ele deve ser assim, meio como eu (mas me entendam, ele tem quase 60 e eu, 25): alguém para quem música é algo fundamental. Indispensável e imprescindível. Tanto em Exílios quanto em Transylvania (este do ano passado, o segundo filme de Gatlif a que assisti, ainda em cartaz em São Paulo) temos a impressão de que há música o tempo inteiro. As cenas mais importantes são acompanhadas de fortes temas, quase todos compostos pelo próprio diretor e o mais marcante: são sempre canções típicas do local onde os personagens estão. Música cigana, espanhola (flamenco), africana (na Argélia), música para rituais de exorcismo e macumba. Até a música romântica cafona que toca na rádio do carro é dele.

Em Exílios, Zano e Naima (Lubna Azabal) partem, numa espécie de êxodo inverso, em busca de suas raízes argelinas. O casal vive na França, a antiga "metrópole" dominadora da Argélia (além da música, elemento forte no Brasil, mais um ponto em comum: nós, também, somos uma ex-colônia). Em Transylvania, a italiana Zingarina (vivida de forma intensa, quase alucinada, por Asia Argento) já começa o filme na Romênia, para onde foi, partindo da França, em busca de seu grande amor e pai do bebê que está pra chegar. A terra estrangeira, mas nem por isso estranha aos personagens (afinal, Gatlif, ele mesmo um argelino radicado na França, é também um homem de muitas pátrias -- ou de lugar nenhum), é o cenário constante das histórias. Nada melhor para que o diretor prove seu talento musical em vários estilos.

Como cinema, em si, alguns dizem que deixa a desejar. Eu não. Gosto do esquema road movie (em Exílios, um road movie sem carro) e sua velha proposta: a busca. Quem parte geralmente está em busca de algo. Busca interior? Tudo, no fim, sempre é uma busca interior. Origens, pessoas, lugares, sentimentos, razões, motivos e causas, tudo é "buscado" e nem sempre encontrado. Os personagens de Gatlif são pessoas livres, a princípio sem raízes, soltas no mundo. E talvez essa necessidade de encontrar algo seja mesmo inerente a qualquer um, mesmo aos mais "caretas", mesmo àquela minha tia, que nunca viajou pra muito longe da minha cidade, no interior de SP.

Pode parecer, por vezes, que o roteiro inexiste. E aí os mais quadrados vão reclamar, mesmo. As cenas vão se sobrepondo, cada uma num cenário, e a impressão que se tem é que existe todo um improviso, um "momento" que dá às seqüências esse caráter solto, livre. Como o são os próprios personagens, como deve ser o próprio Gatlif, enfim. Atenção a Asia Argento: dramática, de personalidade forte, por vezes temos a impressão de ver a própria atriz, sem atuar, ao invés da personagem Zingarina. Louca, quase trash, linda. Seu companheiro no filme, Birol Ünel, é o par perfeito: beberrão, cicatriz, turco radicado na Alemanha, no filme interpretando um cigano romeno. Ele pode ser visto no ótimo Contra a Parede (2004, Alemanha).

Entregue-se, enfim. Assistir a esses filmes é, acima de tudo, aprender a "abrir" os ouvidos e os olhos. Experiências sensoriais. Momentos para ver, ouvir e sentir, sem racionalizar muito. A alma agradece.

Sons latinos encontram a música brasileira no 2o TelefônicaSonidos [revista GOL, 2011]

Com dois palcos, festival transformou Jockey Club de São Paulo em cenário para expoentes da música em espanhol encontrarem artistas brasileiros

Uma pista de corrida de cavalos. Atrás dela, a linha de trem. Atrás da linha, a Marginal Pinheiros. Por detrás a região dos Jardins e, ainda atrás, lá em cima, o skyline da Avenida Paulista, com vista até para o relógio do Conjunto Nacional.

Era este o cenário exuberante do Palco Jazz Latino da segunda edição do festival TelefônicaSonidos, que rolou no Jockey Club de São Paulo entre 24 e 27 de agosto e mesclou atrações musicais brasileiras e latinas, como o pop do cubano Alex Cuba com o da brasileira Tulipa Ruiz, a mistura de flamenco e soul do espanhol Pitingo com a brasileira-cubana Marina de la Riva, e o veterano pianista cubano Chucho Valdés somado ao bandolim impecável de Hamilton de Holanda.

O festival contou também com o Palco Pop Urban, com capacidade para até dez mil pessoas e atrações divididas em duas noites. Ali, o público que lotou o Jockey na sexta (26) assistiu ao reencontro da mexicana Julieta Venegas com a carioca Marisa Monte (que já havia participado do CD “MTV Unplugged” de Julieta, em 2008), e à salsa contagiante do tradicional grupo cubano Juan Formell & Los Van Van mesclando-se à voz e à percussão de Carlinhos Brown.

Jota Quest com a dupla argentina Illya Kuryaki & The Valderramas, Seu Jorge e os venezuelanos Los Amigos Invisibles, a banda mexicana Camila e a dupla Victor & Leo completaram o line-up.

3 perguntas para a cantora MARINA DE LA RIVA:

Filha de pai cubano e mãe mineira, a carioca Marina de la Riva fez uma participação especial no show do cantor Pitingo, expoente do flamenco pop na Espanha, no último dia do TelefônicaSonidos (27/8). Após o show, ela conversou com a Revista da Gol.

Como foi participar do show de Pitingo, um artista de estilo tão diferente do teu?
Se a ideia do festival era misturar, fazia muito mais sentido eu estar com Pitingo no palco. E a voz dele é absolutamente impressionante, uma força da natureza, a força do povo dele [os ciganos]. Pitingo é um showman. Então, quando me convidaram, eu rapidamente aceitei, achei um privilégio.

O que você tem ouvido atualmente?
Tenho escutado Alex Cuba, que tocou no festival; Bob Marley, Clara Nunes, o inglês Jamie Cullum e até a banda Avenged Sevenfold, por causa do meu filho [Paulo, de 15 anos].

E quais teus planos pra este ano?
Meu segundo disco [ainda sem nome] deve sair entre outubro e novembro, produzido por mim e por Pepe Cisneros em algumas faixas. O álbum vai ter o mesmo conceito com que me encontrei [no primeiro], dessa ponte latino-americana sem amarras. Eu me sinto brasileira, mas não nego meu sangue e nem o que sinto.

TIÊ [perfil, 2013]

Mãe de duas filhas - Liz e Amora - e dois discos, Tiê encerrou 2012 com o pé direito. Apresentando-se para um público de mais de 2 milhões de pessoas, a cantora abriu o “Réveillon da Virada” na Avenida Paulista, em São Paulo, e também coleciona performances em alguns dos festivais mais bacanas do mundo, como Coquetel Molotov, Planeta Terra, South By SouthWest e Rock In Rio - tanto no Rio de Janeiro quanto em Lisboa e Madri.

Depois de lançar o autoral “Sweet Jardim” (2009) – que rendeu a ela shows em todo o Brasil, Nova York, Montevidéu, Londres, Paris e Berlim, e também figura entre os 50 discos que formaram a identidade musical brasileira dos anos 2000 (segundo a Folha de S.Paulo) –, em 2011 Tiê apresentou seu segundo trabalho, “A Coruja e o Coração”, novamente com produção de Plínio Profeta.

O segundo álbum – que traz participações de Jorge Drexler, Marcelo Jeneci e Karina Zeviani, além de versões para Thiago Pethit e Tulipa Ruiz – tem como destaque a leitura com clima flamenco de “Você Não Vale Nada”, sucesso do Calcinha Preta. Fã confessa de trilhas de novelas, Tiê já marcou as tramas de “Malhação”, “Carrossel” e “Cheias de Charme” com suas canções, e diverte-se em contar que uma candidata do programa “Ídolos” escolheu uma música sua, “Te Mereço”, para cantar.

A artista adquiriu uma paixão especial pela trama global “Avenida Brasil” (2012), e resolveu dedicar uma versão do projeto “Na Cozinha ou no Jardim” (no qual reúne músicos amigos no jardim ou na cozinha de sua casa para pequenos pocket-shows transmitidos ao vivo pela internet) aos sucessos da trilha da novela, uma das mais comentadas dos últimos tempos. O sucesso foi tão grande que desde então algumas músicas da trilha tornaram-se parte do repertório de Tiê.

Neta de Vida Alves – atriz que protagonizou o primeiro beijo da TV brasileira, na também primeira novela nacional –, Tiê cursou Relações Públicas na FAAP-SP, estudou canto em Nova York e foi dona de um café-brechó em São Paulo. Foi ali que ela conheceu duas figuras importantes para sua carreira musical: Dudu Tsuda, que a apresentou a toda sua turma de amigos músicos, e o compositor Toquinho, com quem gravou sua primeira canção e também viajou por todo o Brasil e Europa em turnê, antes de lançar seus primeiro disco.

Tiê também ama fazer shows, adora comida de camarim, detesta pernilongo em quarto de hotel, não tem vergonha de agarrar artistas de quem é fã nos programas de TV que participa e é muito fã de Gusttavo Lima e Rodrigo Faro.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

TRIZ [perfil, jul/2017]

“Primeiramente eu queria deixar bem claro que não tô aqui pra representar o rap feminino, certo? Muito menos o masculino. Eu tô aqui pra representar o rap nacional, e peço que respeitem a minha identidade de gênero.” (“Elevação Mental”, TRIZ)

Triz Rutzats, ou simplesmente TRIZ, tem 18 anos e é mandando o recado acima que ele dá início ao seu primeiro videoclipe, “Elevação Mental”, lançado em julho de 2017, dirigido por Cesar Gananian e com produção musical de Pedro Santiago.

TRIZ nasceu em São Paulo e cresceu no Jardim Pedreira, bairro da região sul da capital paulista. Foi ali que aprendeu a cantar e a ouvir muita MPB, reggae e rap, em casa ou na igreja evangélica que frequentava na infância e no início da adolescência. Entre os seus maiores ídolos e influências musicais estão Elis Regina, Bob Marley e Sabotage (sua mãe – e ele, por consequência – também ouvia muito Racionais MC’s, mas TRIZ nunca gostou muito do tom machista presente em algumas letras do grupo).

TRIZ estudou música na adolescência, e teve aulas de canto e violão por aproximadamente três anos, o que lhe forneceu possibilidades e formas criativas de expressar sua arte. No início ouvia apenas MPB, samba e canções da velha guarda da música brasileira, uma bagagem musical importante que influenciou seu estilo. Depois de algum tempo conheceu o reggae, gênero que o marcou muito e que faz parte de sua vida até hoje. Nesse mesmo período começou a vivenciar sua descoberta de gênero e a sua consequente transição. De imediato conheceu o preconceito e a intolerância, em especial no bairro em que cresceu e entre seu círculo de convivência, o que gerou em TRIZ momentos de revolta e insatisfação, seja com a falta de respeito ou de empatia evidenciada pela sociedade. “Sou uma pessoa muito revoltada”, afirma. Isso tudo o motivou a criar poesia aliada a ritmo (rhythm & poetry, o rap), uma forma crua, direta e precisa de passar a mensagem desejada através da música. TRIZ é um artista versátil, encantado pela expressão artística e pela manifestação dos sentimentos por meio dos sons. E que quer falar ao maior número possível de pessoas sobre sua condição, suas crenças e seus conflitos. Dessa maneira ele atinge tanto quem passa por questões parecidas com as suas – gays, lésbicas e transgêneros, por exemplo – quanto pessoas totalmente diferentes de seu universo.

TRIZ já iniciou os ensaios que levarão ao seu primeiro álbum solo, que terá produção de Pedro Santiago e André Whoong e deve ser lançado no primeiro semestre de 2018 através do selo Rosa Flamingo, criado pela cantora Tiê. O trabalho de estreia deve reunir algumas composições já conhecidas (que podem ser ouvidas em versões mais “cruas” em seu canal no YouTube: https://www.youtube.com/user/beatrizrutzats) e terá aproximadamente 12 faixas autorais. Participações de artistas que o influenciaram também podem ser esperadas. Antes disso o artista continua realizando shows pela capital paulista e região metropolitana – o mais recente deles foi o “Domingo do Rosa Flamingo”, no dia 30/07, em São Paulo, ao lado de nomes como FingerFingerrr, Tiê e André Whoong.

TRIZ
no Facebook: https://www.facebook.com/trizmusica/
no YouTube:  https://www.youtube.com/user/beatrizrutzats/
no Instagram: @_androginia